sexta-feira, 22 de agosto de 2014

PERI-IMPLANTITE

            A reabsorção óssea peri-implantar representa uma das condições que podem levar à perda tardia da reabilitação protética, ou seja, após o estabelecimento da osseointegração e da instalação da prótese. Pacientes que perderam dentes por periodontite são de alto risco para o desenvolvimento da peri-implantite, sendo necessárias consultas frequentes para prevenção e diagnóstico precoce. Uma vez estabelecida essa condição infecciosa ao redor dos implantes, o seu tratamento envolve a realização de procedimentos não-cirúrgicos e cirúrgicos que incluem:
Orientação de higiene bucal – o controle de placa supragengival executado diariamente pelo paciente é fundamental para que haja diminuição da recontaminação bacteriana da área subgengival após a instrumentação nessa região para descontaminação do implante. A orientação ao paciente consiste de vários momentos clínicos, que envolvem a motivação e um treinamento para a execução dos procedimentos de escovação e uso de passa-fio e escovas interdentais. Há unanimidade entre os protocolos de tratamento da peri-implantite, no que diz respeito à importância dessa fase.
Descontaminação do implante – a combinação de métodos mecânicos, por meio de raspagem com curetas específicas para a região, e a aplicação de produtos antissépticos utilizando-se gazes embebidas em clorexidina ou ácido fosfórico podem remover os depósitos bacterianos, mineralizados ou não, existentes na superfície do implante. Essa etapa clínica é crítica, e a permanência de depósitos bacterianos pode manter o processo inflamatório e levar à progressão da doença. A literatura é conflitante em relação ao melhor método, não existindo um ideal, sendo necessários mais estudos experimentais clínicos para a sua determinação.
Desgaste da superfície do implante – atualmente, os implantes apresentam roscas com superfície rugosa que, quando expostas ao meio bucal, funcionam como um fator retentivo, dificultando o controle de placa no local. Frequentemente, essas roscas ficam expostas em consequência da peri-implantite. Assim, tem-se recomendado o desgaste dessas áreas com brocas para se obter uma superfície lisa; entretanto, deve-se considerar a possibilidade de que a diminuição da espessura de uma das paredes do implante aumente o risco de fratura deste, que adicionalmente pode estar em sobrecarga oclusal devido à perda óssea na região. Torna-se, então, importante que o dentista considere a relação risco/benefício do procedimento.
Reconstrução óssea – após a curetagem dos defeitos ósseos, a utilização da técnica de regeneração óssea guiada, que envolve o uso de barreiras biológicas que excluem o epitélio e o conjuntivo da área de reparo, favorecendo a neoformação óssea, deve ser avaliada e executada na presença de defeitos ósseos verticais, sua principal indicação. Defeitos considerados horizontais apresentam menor possibilidade de neoformação, mesmo com técnicas regenerativas atuais. A confirmação da formação óssea deverá ser evidenciada em radiografias pós-cirúrgicas, por meio da comparação com radiografias anteriores.
Reosseointegração – embora exista a possibilidade de formar novamente osso em áreas de defeitos verticais associados à peri-implantite, torna-se necessário discutir se há a possibilidade de uma nova integração entre o osso neoformado e a superfície do titânio atingida pela infecção e descontaminada pelo profissional. Há dados divergentes na literatura, na qual alguns trabalhos relatam valores insignificantes de reosseointegração e outros mostram que esse objetivo pode ser atingido. Acredita-se que o tipo de defeito, a associação com fatores oclusais agravantes e a forma de descontaminação do implante influenciam esse dado histológico.
Manutenção – independente da técnica escolhida, todo paciente com peri-implantite, seja em fase inicial ou em fase mais avançada, deve ser submetido a consultas periódicas frequentes, para que o sucesso do tratamento possa ser avaliado e, caso haja reincidência ou insucesso, o profissional possa determinar a melhor conduta: retratamento ou remoção do implante, evitando perda óssea adicional que inviabilize a instalação de um novo implante na região.
            Pode-se concluir que são necessários mais estudos para que se determine um protocolo ideal de tratamento da peri-implantite. Os recursos preventivos, que envolvem um controle de placa adequado executado pelo paciente e consultas profissionais frequentes constituem a melhor conduta do profissional que atua na área de Reabilitação Oral por meio de Implantes Osseointegrados.

Texto escrito pela Profa. Mônica Studart - UFC