quarta-feira, 28 de maio de 2014

DISCUTINDO A MOBILIDADE DENTÁRIA...

O aumento da mobilidade dentária é um dos motivos mais considerados para a indicação de exodontias. É necessário que saibamos as principais causas para que possamos usar melhor esse critério, já que em algumas situações a mobilidade é reversível e em outras, não.  Como causas mais frequentes, podemos citar: a perda óssea periodontal, as lesões periapicais de origem endodôntica e o contato oclusal inadequado, com prematuridades ou interferências.

Lesões periapicais podem ser visíveis em radiografias periapicais e, após a neoformação óssea advinda do tratamento endodôntico, a mobilidade pode retornar a níveis normais. Em relação a contatos oclusais inadequados, após a correção do fator etiológico (posição dentária inadequada, restaurações com contatos oclusais inadequados) provavelmente também ocorrerá a resolução da mobilidade.

Por motivos periodontais, um dente fica “mole” quando o suporte ósseo remanescente é insuficiente para uma carga oclusal normal, ou seja, não necessariamente há contato prematuro. Nessa situação temos então o trauma oclusal secundário. Apenas quando o dente se movimenta no sentido de intrusão, o prognóstico torna-se desfavorável a ponto de indicarmos a exodontia. Em outras condições de mobilidade no sentido horizontal, o tratamento periodontal poderá auxiliar na manutenção do dente, pois mesmo que não haja diminuição da mobilidade, o dente pode permanecer se não houver progressão desse quadro clínico.

Outro dado importante a ser considerado é a necessidade de reabilitação protética e o uso de dentes com mobilidade como pilares. Nessas situações, devem ser apresentados para o paciente pelo menos dois planejamentos, com ou sem a realização das exodontias, e a explicitação das vantagens e desvantagens de cada um, para que o próprio paciente possa contribuir e optar por aquele que mais o satisfaz.


Assim, antes de realizar exodontias com base apenas na presença de um sinal clínico, o profissional deverá analisar a causa, a possibilidade de melhora e incluir o paciente na tomada de decisões. O diagnóstico correto é essencial para a realização de um plano de tratamento adequado.





Texto produzido pela Profa. Mônica Studart, Mestre e Doutora em Periodontia e Professora das Disciplinas de Periodontia e Implantodontia da UFC


sexta-feira, 23 de maio de 2014

ODONTOLOGIA EM AMBIENTE HOSPITALAR – DESAFIOS DE SUA INSERÇÃO

Nos últimos anos, há um “novo” pulsar na Odontologia. A prática da arte dentária, exercida exclusivamente em um consultório odontológico, tem sido moldada a novos formatos de atenção e assistência. A Odontologia lança seus braços para outros impensáveis loci da assistência: do domicílio ao leito hospitalar. A Odontologia em ambiente hospitalar (OaH) consiste na atuação do cirurgião-dentista (CD) generalista, em ambiente hospitalar, de forma que participe conjuntamente do processo terapêutico e melhoria da qualidade de vida dos pacientes. O cirurgião-dentista em ambiente hospitalar deve executar ações em saúde bucal inserido em um contexto de multiprofissionalismo e interdisciplinaridade. As competências do cirurgião-dentista em ambiente hospitalar focam no cuidado do paciente, em que a doença sistêmica possa ser fator de risco para o agravamento e/ou instalação de doença bucal ou vice-versa. Para tal fim, medidas educativo-promocionais, preventivas, assistenciais e paliativas são imperiosas. A responsabilidade da tomada de decisão em intervenção na cavidade bucal é do cirurgião-dentista. A OaH dá suporte a diversas áreas da Medicina, quer nos leitos cirúrgicos, clínicos, obstétricos, pediátricos, psiquiátricos, hospital dia e leitos complementares, quer nas Unidades de Terapia Intensiva.

        Os desafios da inserção do CD em ambiente hospitalar são basicamente quatro: desafio filosófico – compreender que a Odontologia deve ser “ampliada”, em tratar pacientes com comprometimentos sistêmicos, em que o conhecimento deve ser palmilhado na concepção da totalidade, discernindo o entendimento das partes que compõem o todo, e não o contrário; desafio político – formalizar os serviços de OaH, intensificar a ação dos grupos já existentes e definir o papel do CD no contexto da clínica médica; desafio acadêmico – divulgar e informar acerca dos conhecimentos da OaH para profissionais de saúde, gestores e pacientes, assim como criar polos de formação de profissionais para esse fim; desafio social – fortalecer a participação social e garantir a sustentabilidade interna de um projeto junto ao Conselho Nacional de Saúde, promover a articulação intersetorial entre os Ministérios da Saúde e Educação para desenvolvimento de ações sinérgicas.

         Desta forma, a Odontologia em Ambiente Hospitalar se lança a fim de criar bases de um movimento realmente instituinte da inserção do CD nos hospitais, em um contexto de valorização da Odontologia e, assim, trabalhar de forma a possibilitar a transformação do devir. 


Texto escrito pela Profa. Andréa Aguiar, Mestre e Doutora e Professora da Universidade Federal do Ceará 



quarta-feira, 21 de maio de 2014

DOENÇA PERIODONTAL EM CRIANÇAS

Os estudos epidemiológicos realizados em inúmeros países assinalam que a cárie dentária e a doença periodontal são as afecções de maior prevalência na cavidade bucal. A criança, assim como o adulto, é suscetível às doenças periodontais e, em especial, às gengivites. A gengivite é uma inflamação que envolve apenas os tecidos gengivais próximos aos dentes. Quando o processo inflamatório atinge, além da gengiva, as estruturas do periodonto de sustentação, instala-se uma periodontite. 

       A doença periodontal apresenta uma natureza insidiosa, indicada pela ocorrência de inflamação gengival branda nas crianças, aumentando a gravidade em adolescentes e adultos jovens, e a frequente progressão para a perda parcial ou completa dos dentes mais posteriormente. O principal fator etiológico associado consiste na placa bacteriana. O interesse demonstrado pelos epidemiologistas deve ser acompanhado pelos periodontistas, ortodontistas e odontopediatras. Todos devem estar preocupados em interceptar uma gengivite incipiente, principalmente em crianças, evitando-se uma possível evolução para a periodontite. Se não for efetuado um tratamento imediato da gengivite, aumenta a possibilidade de se instalar uma periodontite quando a criança atingir a adolescência. Cabe, portanto, ao cirurgião-dentista estar suficientemente informado sobre os recursos de prevenção das doenças periodontais, como a importância de um bom padrão de higiene oral, e preparado para realizar o tratamento imediato das gengivites. 

          Sobre a prevenção de gengivite, pedimos para o Dr. Erico Sucupira discutir conosco o tema.


Texto de autoria da Dra. Juliana Ximenes, especialista em Odontopediatria e Mestre em Odontologia-UFC

sexta-feira, 16 de maio de 2014

O USO DE BIFOSFONATOS NA IMPLANTODONTIA

            O bifosfonato é um medicamento que atua no aumento da densidade mineral óssea, agindo na inibição da reabsorção óssea pela inibição da ativação, formação e recrutamento de osteoclastos, dentre outras ações, aumentando a massa esquelética total. Seus principais representantes são o etidronato, o alendronato e o risedronato, utilizados principalmente na prevenção e tratamento da osteoporose.

            Na Odontologia, existem vários relatos de osteonecrose dos maxilares associada ao uso de bifosfonatos. Com sua ação de fortalecimento da matriz óssea, torna-a mais resistente a fraturas, no entanto, a formação excessiva do osso cortical induz nos maxilares, principalmente na mandíbula, a redução da nutrição via osso medular, restando o periósteo como única fonte de nutrição do osso cortical. Durante a cirurgia de colocação de implantes dentários, geralmente o acesso cirúrgico é amplo, havendo o descolamento do periósteo do osso. Na ausência dessa fonte de nutrição, há uma tendência de necrose do tecido ósseo e dificuldade na osteointegração.

            O protocolo de atendimento nesses casos é controverso na literatura. Em geral, sugere-se a suspensão do uso de bifosfonatos três a seis meses antes da colocação do implante e três meses após o procedimento, devendo o acesso cirúrgico ser bastante conservador com descolamento mínimo de periósteo. A decisão relacionada à realização da cirurgia deve ser tomada juntamente com o médico que acompanha o paciente, devendo ser avaliado o risco-benefício da interrupção do tratamento em relação à progressão da doença.

             Saindo um pouco do público adulto, passo a palavra para a Dra. Juliana Ximenes dar sua contribuição falando sobre a doença periodontal nas crianças.




Texto escrito pela Dra. Thyciana Ribeiro, Mestre e Doutora em Odontologia - UFC e Professora das Disciplinas de Pacientes Especiais e Clínica Integrada - UFC

sexta-feira, 9 de maio de 2014

EXODONTIA OU MANUTENÇÃO DE DENTES COMPROMETIDOS?

Esta é uma das perguntas mais frequentes que o Periodontista recebe de um dentista ou do próprio paciente: Ainda dá para manter meu(s) dente(s)? E talvez a resposta seja a mais difícil de ser dada, visto que existem vários fatores que devem ser levados em consideração.
Antes de responder, é necessário um exame detalhado, tanto clínico como radiográfico. Não dá para decidir com base somente em uma radiografia, assim como não dá para avaliar condições ósseas apenas com a realização de um exame clínico. Assim, o profissional deve, no mínimo, ter esses dois exames para, a partir daí, sugerir a manutenção ou a exodontia.

    A princípio, nossa primeira opção deve ser a permanência do(s) dente(s). Embora as reabilitações protéticas tenham evoluído em relação à estética e fixação por implantes osseointegrados, consideramos dentes naturais uma melhor opção que próteses, sejam fixas ou não. 

     Entretanto, existem razões que justificam as exodontias, como: a mobilidade excessiva decorrente da perda de suporte ósseo; a presença de envolvimentos de furca; a dificuldade de restauração da estrutura dentária remanescente; a posição do dente na arcada e a impossibilidade de realizar tratamento ortodôntico para correção dessa posição; e o estado geral da dentição do paciente.


   Assim, para responder melhor essa pergunta, o Periodontista deve não somente estabelecer um prognóstico periodontal, mas também considerar a necessidade de uma reabilitação oral mais completa. Ele deve pensar no paciente em uma situação de “Clínica Integrada”, em que princípios endodônticos e protéticos também devem ser considerados. Não é adequado manter dentes com perda óssea progressiva que leve a uma futura necessidade de reconstrução óssea prévia à instalação de implantes ou dentes com prognóstico duvidoso que serão indicados para exodontia após o término da reabilitação protética. Para melhor decidir, o profissional deve entender mais de reabilitação oral.

    E para entender melhor a decisão de manter dentes, os profissionais que atuam na área de prótese devem conhecer bem as possibilidades de tratamento periodontal e o quanto essa especialidade pode agir no sentido de preservar os dentes de um indivíduo. Mas esses aspectos serão abordados em outras postagens do nosso blog.







Texto produzido por Mônica Studart, Profa. de Periodontia e Implantodontia da UFC

quarta-feira, 7 de maio de 2014

REABILITAÇÃO POR IMPLANTES EM PACIENTES IMUNOLOGICAMENTE COMPROMETIDOS

Os pacientes imunocomprometidos são aqueles cujos mecanismos normais de defesa contra infecção estão comprometidos. Pode-se incluir, entre esses pacientes, receptores de transplante e de implante, queimados, portadores do vírus da imunodeficiência humana (HIV), indivíduos com câncer, além de outros.

           A expectativa de vida desses indivíduos aumenta crescentemente, e as condições de saúde tornam-se cada vez mais controláveis, portanto, o tratamento odontológico estético se torna mais significativo e as próteses implantossuportadas podem ser consideradas como uma alternativa para as removíveis.

     Embora haja risco pós-operatório imediato, a literatura equipara esses procedimentos às extrações dentárias e cita que a imunidade comprometida pode ser associada a um risco aumentado de infecção peri-implantar.

         Por isso, tratamentos dentários invasivos, como a instalação de implantes osseointegrados, em pacientes imunocomprometidos, devem ser realizados com precaução. O clínico deve ter em mente a importância da monitorização do estado imunológico e da coagulação sanguínea, bem como recomendar a profilaxia antibiótica, com a avaliação do estado de hemostasia, presença de infecções oportunistas e drogas que estão sendo tomadas.

         Seguindo a linha de raciocínio, gostaria de saber da Profª Thyciana Ribeiro como desmistificar o enigma da reabilitação por implantes nos pacientes que fazem uso de bifosfonatos.


Texto escrito pelo Dr. Diego Esses, Especialista em CTBMF e Mestrando em Clínica Odontológica - UFC