A reabsorção óssea peri-implantar
representa uma das condições que podem levar à perda tardia da reabilitação
protética, ou seja, após o estabelecimento da osseointegração e da instalação
da prótese. Pacientes que perderam dentes por periodontite são de alto risco
para o desenvolvimento da peri-implantite, sendo necessárias consultas
frequentes para prevenção e diagnóstico precoce. Uma vez estabelecida essa
condição infecciosa ao redor dos implantes, o seu tratamento envolve a realização
de procedimentos não-cirúrgicos e cirúrgicos que incluem:
Orientação
de higiene bucal – o controle de placa supragengival executado diariamente pelo
paciente é fundamental para que haja diminuição da recontaminação bacteriana da
área subgengival após a instrumentação nessa região para descontaminação do
implante. A orientação ao paciente consiste de vários momentos clínicos, que
envolvem a motivação e um treinamento para a execução dos procedimentos de
escovação e uso de passa-fio e escovas interdentais. Há unanimidade entre os
protocolos de tratamento da peri-implantite, no que diz respeito à importância dessa
fase.
Descontaminação
do implante – a combinação de métodos mecânicos, por meio de raspagem com
curetas específicas para a região, e a aplicação de produtos antissépticos
utilizando-se gazes embebidas em clorexidina ou ácido fosfórico podem remover
os depósitos bacterianos, mineralizados ou não, existentes na superfície do
implante. Essa etapa clínica é crítica, e a permanência de depósitos
bacterianos pode manter o processo inflamatório e levar à progressão da doença.
A literatura é conflitante em relação ao melhor método, não existindo um ideal,
sendo necessários mais estudos experimentais clínicos para a sua determinação.
Desgaste
da superfície do implante – atualmente, os implantes apresentam roscas com
superfície rugosa que, quando expostas ao meio bucal, funcionam como um fator
retentivo, dificultando o controle de placa no local. Frequentemente, essas
roscas ficam expostas em consequência da peri-implantite. Assim, tem-se
recomendado o desgaste dessas áreas com brocas para se obter uma superfície
lisa; entretanto, deve-se considerar a possibilidade de que a diminuição da
espessura de uma das paredes do implante aumente o risco de fratura deste, que adicionalmente
pode estar em sobrecarga oclusal devido à perda óssea na região. Torna-se,
então, importante que o dentista considere a relação risco/benefício do
procedimento.
Reconstrução
óssea – após a curetagem dos defeitos ósseos, a utilização da técnica de
regeneração óssea guiada, que envolve o uso de barreiras biológicas que excluem
o epitélio e o conjuntivo da área de reparo, favorecendo a neoformação óssea,
deve ser avaliada e executada na presença de defeitos ósseos verticais, sua
principal indicação. Defeitos considerados horizontais apresentam menor
possibilidade de neoformação, mesmo com técnicas regenerativas atuais. A
confirmação da formação óssea deverá ser evidenciada em radiografias
pós-cirúrgicas, por meio da comparação com radiografias anteriores.
Reosseointegração
– embora exista a possibilidade de formar novamente osso em áreas de defeitos
verticais associados à peri-implantite, torna-se necessário discutir se há a
possibilidade de uma nova integração entre o osso neoformado e a superfície do
titânio atingida pela infecção e descontaminada pelo profissional. Há dados divergentes
na literatura, na qual alguns trabalhos relatam valores insignificantes de
reosseointegração e outros mostram que esse objetivo pode ser atingido. Acredita-se
que o tipo de defeito, a associação com fatores oclusais agravantes e a forma
de descontaminação do implante influenciam esse dado histológico.
Manutenção
– independente da técnica escolhida, todo paciente com peri-implantite, seja em
fase inicial ou em fase mais avançada, deve ser submetido a consultas
periódicas frequentes, para que o sucesso do tratamento possa ser avaliado e,
caso haja reincidência ou insucesso, o profissional possa determinar a melhor
conduta: retratamento ou remoção do implante, evitando perda óssea adicional
que inviabilize a instalação de um novo implante na região.
Pode-se concluir que são necessários
mais estudos para que se determine um protocolo ideal de tratamento da
peri-implantite. Os recursos preventivos, que envolvem um controle de placa
adequado executado pelo paciente e consultas profissionais frequentes constituem
a melhor conduta do profissional que atua na área de Reabilitação Oral por meio
de Implantes Osseointegrados.
Texto escrito pela Profa. Mônica Studart - UFC