Estética, qualidade e longevidade de um trabalho protético são fatores que dependem da precisão, obediência às normas oclusais, fidelidade na adaptação ao preparo dentário, facilidade de higienização do local e também da ausência de efeitos secundários periodontais.
Para tanto, o protesista deve estar atento ao limite cervical dos preparos dos dentes que receberão próteses, que deverão ter como referência a margem gengival, realizando um preparo supragengival e assim facilitando a moldagem, a visualização do término do preparo, uma melhor adaptação protética e uma boa manutenção periodontal. No entanto, em algumas situações nas quais a estética é um fator relevante, o profissional se vê obrigado a localizar o término do preparo em região intra-sulcular ou subgengival, o que pode levar a situações de agressão periodontal.
Levando em consideração esses fatores, é importante que o protesista realize bons preparos dos dentes e uma moldagem com a máxima fidelidade possível para que o técnico tenha condições de executar um trabalho com excelente estética e com adaptação perfeita, de forma a facilitar a manutenção da saúde periodontal.
Existem várias técnicas de moldagem com excelentes resultados. Entre elas, estão as que utilizam o procedimento de afastamento gengival, que pode ser realizado com o uso de fios retratores gengivais, embebidos ou não em drogas (adstringentes, cauterizadoras ou vasoconstritoras), que possuem várias espessuras ou diâmetros e que são escolhidos de acordo com o espaço existente no sulco gengival.
A utilização desses fios, tanto no momento de acabamento de preparos como na moldagem propriamente dita, deve ser criteriosa em relação à escolha da espessura adequada e à sua inserção no sulco gengival, sem anestesia, preferencialmente, pois a dor servirá como referência na inserção, evitando o trauma e o rompimento das fibras periodontais. O instrumento de inserção do fio tem que ser adequado para esse procedimento, evitando-se espátula muito grossa, o que impossibilita a adequada inserção, ou muito fina, podendo causar descolamento do epitélio juncional. Outro fator importante a se considerar é o momento da sua remoção do sulco gengival, que deverá ser executada com o fio umedecido para evitar danos à mucosa intra-sulcular e consequentemente sangramento, o que pode interferir na qualidade da moldagem e/ou causar lesões ao tecido periodontal.
Apesar de ser uma ótima ferramenta para a proteção da gengiva durante o acabamento dos preparos e para a obtenção de uma moldagem excelente, o trauma mecânico que o uso de fios de afastamento gengival pode causar e o trauma químico causado pelo uso exagerado dessas drogas utilizadas para embeber o fio podem provocar recessões gengivais, comprometendo a saúde periodontal e a estética final da prótese.
Apesar dessas desvantagens, o fio retrator gengival continua sendo uma excelente ferramenta que o protesista tem em seu arsenal de trabalho e, utilizado de forma adequada e criteriosa, tem resultados animadores, desde que se use o bom senso.
Texto escrito pelo Dr. Cláudio Fernandes, Especialista em Prótese (UNICASTELO) e Implantodontia (ACO), Mestre e Doutor em Clínica Odontógica (UFC).
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